terça-feira, 24 de agosto de 2010

A NEGATIVA FAMILIAR PARA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E AS INTERFACES COM POLITICA LOCAL DE SÁUDE : A EXPERIENCIA DA CIHDOTT DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE SALVADOR

Este artigo faz parte de um relatório do projeto de pesquisa do Mestrado em Políticas Públicas, Desenvolvimento Regional e Gestão do Conhecimento da UNEB, que tem como objetivo discutir o sistema de saúde na Bahia e os implicadores para a implementação da política local de transplante, mediante a experiência da CIHDOTT do maior hospital terciário da rede pública do Estado. Percebe-se que o entendimento de morte encefálica é um dos fatores que influi no processo de doação de órgãos, pois, geralmente, as famílias apenas ouvem falar desse conceito quando um ente querido evolui para tal diagnóstico, em decorrência de uma lesão cerebral severa e súbita, o que dificulta a compreensão da idéia da cessação das funções do cérebro em um ser aparentemente vivo. O desconhecimento e/ou não aceitação da morte encefálica é compreensível, uma vez que, classicamente, a morte era definida como a cessação irreversível das funções cardíaca e respiratória, o que gera resistência não somente à população, mas também, entre os profissionais de saúde. A recusa familiar representa um entrave a realização de transplantes, em conjunto com outros problemas, como falha na identificação e notificação dos potenciais doadores, bem como o elevado índice de contra- indicação à doação. Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes de 2009, o número de potenciais doadores foi de 34,2 por milhão de população por ano(pmp/ano), a não autorização familiar foi de 31,5%sobre o número total de potenciais doadores, a contra indicação médica foi de 17% e o número de doadores efetivos foi de 8,7 pmp/ano. Na Bahia essa realidade é mais grave ainda, no ano de 2009 a recusa familiar para doação de órgãos foi de 57% . Diante desse panorama, fica evidente que o conhecimento dos motivos de recusa pode oferecer elementos para os profissionais que atuam no processo de doação e transplante, ajudando na construção de um processo de doação adequado, respaldados nos princípios da ética, da legalidade e da humanização, não adicionando mais sofrimento aos familiares do potencial doador.

2 comentários:

  1. Esse artigo é pertinente e relevante. Considero que outro ponto importante a ser descutido sobre as "recusas" é o atendimento dispensado aos pacientes nas emergências públicas.

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  2. Grazi eu concordo plenamente com vc,mas acrescento que a discussão deve ser extendida ao sistema de saúde como um todo. O transplante começa na atenção básica e se concretiza na unidade de alta complexidade,é necessário que todos os serviços de saúde estejam integrados no processo,oferecendo assistencia em saúde de qualidade.

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